Há necessidades na vida que não podemos conter, assim como há ilusões que não podemos evitar, por mais duras que sejam, por mais irreais que sejam, elas invadem-nos sem nos dar escolha, explicação, justificação, simplesmente aparecem.
Acabo por fechar os olhos de tanto cansaço, de tanto chorar, e vejo o que temia, o teu rosto aparece-me de novo com o maior sorriso de vingança e traíção que já vi na minha vida.
Admito, é verdade que tu não me traís-te, mas traís-te o meu coração, trocaste-o e baralhaste-o como se fosse um baralho de cartas; e como se isso não bastasse, ainda o manipulas-te para que ficasses com o melhor jogo, com o que pretendias, nem que tivesses que jogar sujo.
Depois da vitória, de esquemas e truques falsos com parceiros bem "pagos", limitas-te a deixar, deixar a carta mais valiosa, o meu coração, em cima da mesa suja junta do prato dos tremoços e do copo de cerveja como se nada valesse. Ganhas-te a partida mas o jogo ainda não acabou, espera-te a desforra que é sempre melhor, dolorosa, vingativa e valiosa.
Sou mais que um "baralho de cartas" (...)
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