segunda-feira, 17 de maio de 2010

sinais de vida

Chamaram por mim muito alto ontem, olhei para trás, olhei para a frente, olhei para os lados, olhei para cima, olhei para baixo, olhei para sitios escondidos, para lugares assombrados, olhei para aqui para ali e para acolá, mas nada, ninguém, nem sinais de vida, nem sinais de existencia, apenas o vento se ouvia a passar por mim, a rua estava deserta, o céu estava escuro, lá ao fundo trovoava, cá ao perto era granizo imundo. Tinha casa, tinha chaves, mas que valia se lá dentro estava sozinha? De que vale uma casa sem pessoas? De que vale uma família sem ninguém? O que vale uma pessoa sem um sorriso? O que vale um homem sem mulher? De que vale chorar se nada muda? Mas perguntar não ajuda, e sozinha a gente me vê, porque não há mal que fuja e bem que ficar prevê. De que vale chamar bomba ao coração se ele acaba por parar? De que vale ser o céu azul se não lhe posso tocar? E eu só queria dizer que nesta rua acabo por fazer, fazer almas cruas no chão, raptar corpos e chamar pelo seu coração, porque eu posso ser fraca e perder mas nesta solidão não quero morrer.