terça-feira, 31 de agosto de 2010

A última viagem (!)

Apesar de tudo sinto-me uma mulher de sorte, afinal, quantos não dariam qualquer coisa para hoje acordar e pensar "ontem foi só mais um dia" ?
Começo a pensar que me submeti a grandes tensões causadas por mim própria sem necessidade e acabei sentada num assento de um carro numa longa viagem sem destino, sentindo-me agora fútil porém viva; eu vou pedindo para que a viagem chegue ao fim e possa sair daquele carro para aproveitar aquele que pode ser o meu último dia; mas o tempo joga contra mim e o motor do carro tende a me contrariar, o cheiro a gasolina percorre todos os milímetros do carro e invade o meu nariz mas nem assim apaga o rasto do perfume que ele deixou em mim e que implora agora para ficar; o conta-kilometros vai batendo em oco, e eu sinto e sei que a viagem só pode ter um fim, eu sei que o carro só vai parar quando for travado, e eu sei que esta é a minha última viagem no passado a decorrer num duro presente, o futuro trata-se de segundos... E de repente, o futuro trata-se de nada; passaram os segundos e o carro voou , a minha cabeça quis ficar e o meu corpo quis ir acabando por se despedaçar como uma folha de papel cortada em pequenos papeizinhos, numa mistura de traços encarnados e redes de bocados de mim.
E eu sabia, todas as viagens tem um fim e todas as vidas acabam assim.

domingo, 29 de agosto de 2010

e eu nunca deixei de acreditar(?)

Só agora começo a perceber a falta que me fazes, o espaço em branco que ocupas em mim, só agora percebo a falta daquele quente em meus braços, a falta da atenção em meus olhos, a falta do bater do meu coração.
Nunca gostei de jogos fáceis e tu foste tudo menos isso, eras para mim aquele ciclo misterioso recheado de inigmas e palavras de labirintos. Sabes o que me deu força? Foram todos aqueles dias que olhei para a minha parede e encontrei aquelas letras, e encontrei aquela frase, que com o tempo se foram desfazendo, de "e eu nunca deixei de acreditar" restam agora marcas que a tua alma não conseguiu apagar; é horrivel sentirmo-nos inferiores e saber que o topo é inancansavel, e que para sempre estaremos presas neste chão de promessas inacados e sonhos desfeitos, incapazes de despertar aquele sino lá no alto, incapazes de lutar por um sinal.
Cheguei perto disso, juro, em que milhões de vezes repetiu-se-me ao ouvido "para sempre meu, para sempre teu, para sempre nosso" assim como milhões de vezes tentei retirar a voz dos meus ouvidos e acordar de olhos fechados, cega para o mundo, surda para a tua voz, sem olfacto para o teu perfume, sem lábios para a tentação.
Eu cansei-me e sentei-me de novo no chão, mas prometo, é só uma fase de confusão, tudo o que tem acontecido não passa de uma 'fase'; não se pode ter tudo, não é assim?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

palavras sem porquê

Gostava de poder descrever simples sensações e arrepios que em mim se estendem, não é que seja dificil de explicar mas eu não consigo, não por falta de vontade mas de força, parece que as palavras se prendem na garganta, não sei se por medo ou ansiedade, não sei se de calor ou frio, mas elas não saem.
Quando eu tremo não tenho frio, é esse tal bicho, que intolerávelmente e incontrolávelmente me invade, nunca soube o que tem contra mim, mas a verdade é que não me quer bem, e eu fujo mas nunca a tempo, fugir dele são como forças gastas sem motivo, são forças sem porquê, explicadas por palavras sem porquê.
Queria explicar-te o meu gostar com essas tais palavras mas nem elas chegariam, eu poderia acreditar que conseguia mas seria um erro, e eu só quero, só quero ser livre, sem bichos, sem pessoas crueis, sem sentimentos persceptiveis, e eu só queria, só queria ser feliz.
Eu procuro sinais e espero por ti, eu solto os braços e choro em mim.
Podia dizer que sou uma pessoa concretizada, mas estaria a mentir, falta uma peça, alias, faltam muitas, e faltam pesças, peças que ja eram de mim.
A minha parede está vazia e o meu chão inacabado e eu estou sozinha, sozinha a ver o mar, porque não há outro sitio que se adeque a mim, porque eu sei, eu sei que estas ondas foram feitas para mim, só nao te sei explicar porquê.